Quem
vive só…
Quem vive só vive no mistério,
mantem-se na torrente das
imagens
gerando-se, germinando,
até as sombras trazem o seu
fogo.
Está na gestação de cada sedimento,
cumprido em pensamento e
defendido,
é senhor da destruição
e do humano que sustenta e
acasala.
Sem emoção vê como a terra
mudou desde que se lhe abriu,
nunca mais morte nunca mais
devir:
o que se cumpre olha-o quedo e
fixo.
Gottfried Benn, Poèmes, trad. Pierre Garnier, Gallimard,
Paris, 2010, p. 170. Este poema pertence ao período entre 1922 e 1936. A
tradução é minha, JFG.