Apesar de quer as mãos de Vénus, quer as mãos de Marte estarem em descanso, passivas, assim como o pé de Vénus ou as pernas cruzadas de Marte, apesar ainda das tropelias dos faunos (os do fundo divertem-se soprando no ouvido de Marte com uma concha e o do canto inferior direito prepara, também, uma qualquer tropelia), há uma atmosfera activa das duas figuras. Por um lado, o olhar de Vénus transmite a suspensão do desejo, que as posições das mãos e do pé evidenciam, sublinhando, por oposição, a posição da cabeça e a direcção do olhar. Por outro, o absorvimento de Marte no sono pressupõe uma vulnerabilidade contida, que pernas e braços denunciam, como se um gesto fulgurante fosse ser desencadeado, cumprindo o desejo de Vénus, e que irá ficar velado ao espectador...
National Gallery, Londres.